O toque na terapia corporal é uma técnica que visa atingir a parte somática do caráter. Ou seja, atingir o caráter através do seu aspecto corporal. Como técnica tem uma teoria específica. Tem um “como fazer” e um “para que fazer” que devem ser considerados dentro do contexto da dinâmica individual de cada cliente e do momento da relação deste com o terapeuta.
Mais importante do que saber “como proceder” no toque, é saber “para que” você vai fazê-lo. Para aplicar um toque, o terapeuta precisa estar consciente da estrutura, da dinâmica, da transferência e da necessidade do cliente, ou seja, de que intervenção ou interferência este cliente precisa.
Cada terapeuta, em função de seu caráter, tem seu próprio potencial para interferir e para provocar mudanças, mas não pode perder de vista em hipótese alguma, de que o primeiro plano é do cliente e não seu. Toda vez que isto for desconsiderado será, em maior ou menos grau, um prejuízo para o cliente. Portando para evitar que se utilize da técnica como meio de manipulação do cliente por parte do terapeuta – trabalhe com o coração.
Trabalhar com o coração aproxima terapeuta e cliente numa relação humana de duas vias e estabelece uma ética de respeito àquele momento que está dedicado ao processo de crescimento e mudança do cliente. Se o terapeuta ganha é porque o seu lugar de “outro” é o de quem está doando a sua maciez ou sua firmeza no momento do toque.
O toque é um veículo de conhecimento do outro. Através do toque conhece-se a suavidade ou rigidez da musculatura, a secura da pele ou a vivacidade dos tecidos. O toque é uma forma primária de contato, conhecimento e comunicação. O terapeuta, através do toque transmite ao cliente a noção de que o sente e o aceita como um ser corporal. Tocar é um modo natural de estar em contato. É tarefa do terapeuta, demonstrar que não há motivo de medo de estar em contato com o toque.
O paciente tem necessidade de tocar o terapeuta. É o tabu contra o tocar que o faz sentir-se isolado. O toque vai aonde as palavras não alcançam.
Entrar em contato com o corpo do terapeuta facilita o cliente a entrar em contato com seu próprio corpo e consequentemente consigo mesmo. Para isto o terapeuta não deve erotizar o toque. Qualquer envolvimento sexual do terapeuta é uma traição à confiança depositada no vínculo terapêutico. “O terapeuta deve estar atento a sua limitação e saber também “não tocar”.
A técnica pode variar, ganhar ares de sofisticação, nomes difíceis, mas na prática é até bem simples. É só fechar os olhos e sentir pele com pele, energia com energia, na que é a mais antiga, natural e gostosa das terapias: o toque.
…