Liliane Dias Barbedo
Percebo que existe um desconhecimento, de um modo geral, por parte das pessoas, sobre o que é um processo terapêutico ou, como chamam mais freqüente e equivocadamente, análise.
Para começar, vamos estabelecer a diferença entre o psicólogo, o psiquiatra, o psicoterapeuta, o analista e o terapeuta:
– O psicólogo é aquele que fez um curso de nível superior em Psicologia; pode atuar em escolas, organizações, consultórios particulares, clínicas e hospitais.
– O psiquiatra é um médico cuja especialização foi feita em Psiquiatria. Geralmente, atua em clínicas e hospitais psiquiátricos e sua clientela mais freqüente é formada pelos portadores de transtornos psíquicos. Está habilitado a prescrever medicamentos.
– O psicoterapeuta é qualquer profissional de nível superior que faz uma formação, geralmente não acadêmica, com duração de três a quatro anos, em uma corrente de psicoterapia. Podemos citar a psicoterapia transpessoal, junguiana, gestáltica, em bioenergética, dentre outras.
– O analista ou psicanalista é aquele que possui nível superior em qualquer graduação e faz uma formação em Psicanálise, além de submeter-se a uma análise pessoal com um psicanalista já atuante.
– O terapeuta é um profissional de nível médio ou superior, que faz uma ou mais formações nas chamadas terapias alternativas. São estas: o reiki, a cromoterapia, a regressão, a naturopatia, a acumpuntura, a massoterapia, os florais, a iridologia, dentre outras.
Posto isto, vamos à pergunta: porque fazer psicoterapia?
Eu diria, com muito entusiasmo: para aumentar as chances de ser feliz! Isso mesmo! Se você se conhece, se vai mergulhando cada vez mais nessa jornada fascinante para dentro de si mesmo, suas escolhas passam a ser mais coerentes sobre quem você realmente é. Você começa a descobrir o que é seu e o que é do outro, quais crenças e desejos são dos seus pais, da cultura a que pertence ou da sociedade, de modo geral. O que você quer manter e o que quer mudar.
Uma outra razão, é a possibilidade de identificar e comunicar, com clareza, emoções ou sentimentos. Quantos de nós (quase todos!), em função de um processo educativo castrador e repressivo, não têm dificuldade em entrar em contato com a raiva, o medo, a inveja? Ou ainda, de chorar, expressar amor, carinho e ternura? Quantas brigas surgem por não termos clareza do que sentimos e por não comunicarmos nossa emoções (ou o fazermos de forma equivocada)? Quantos casais se desentendem porque o homem quer o prazer através do sexo e a mulher deseja carinho, afago? Porque não poder pedir o que se necessita e dar ao outro o que ele pede?!
Para isso é preciso saber primeiro o que se quer; é necessário reconhecer necessidades físicas, emocionais, mentais e espirituais e o meio de atendê-las.
E como esse auto-conhecimento acontece no processo terapêutico? É no vínculo, na relação que se estabelece entre o cliente e o psicoterapeuta, que isso ocorre. Este último funciona como um espelho em que a pessoa se reflete. Ele não dá conselhos, não sugere, não resolve os problemas do outro. Escuta, questiona, acolhe, apóia, conforta e, porque não dizer, é amorosamente compassivo.
Técnicas são utilizadas para investir, esclarecer, trazer novos ângulos, mas elas são recursos auxiliares. É no âmago da relação que a cura acontece e ela não é unilateral; se dá em ambas as partes. Sim, o psicoterapeuta também cresce, amadurece, se modifica com o processo terapêutico de seus clientes. Acho que já está bem difundido o conhecimento de que a dualidade é uma ilusão e que tudo se inter-relaciona no Universo. Então, como o crescimento se daria em um só lado?!
Existem diferentes abordagens psicoterapêuticas e todas elas dão sua contribuição para o crescimento do indivíduo. Cabe a cada um se informar e buscar aquela linha com que mais se afina, assim como é possível também experimentar diferentes abordagens ao longo de um caminho terapêutico. Pessoalmente, acredito que há ciclos na vida da pessoa que convidam a este ou àquele profissional, a esta ou àquela abordagem.
Para finalizar, é imprescindível que qualquer profissional que trabalhe com o crescimento humano tenha o seu próprio processo de auto-conhecimento. Como alguém pode cuidar do outro se não cuida de si mesmo?!
Portanto, mova-se! Busque-se, investigue-se, “conheça-te a ti mesmo” como disse Sócrates. Embarque nessa fantástica jornada em busca de si mesmo. Ela é fascinante, pode apostar! E libertado.